quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Mito da Caverna de Platão!

“Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após humanos estão aprisionados”. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semiobscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros (no exterior, portanto) há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. 


Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda luminosidade possível é a que reina na caverna. 
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade. 

Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.


O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo? “Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.”


(Extraído de: Marilena Chauí, Convite à Filosofia, Ed. Ática)
 

Santo Agostinho

Santo Agostinho - Aurélio Agostinho (Aurelius Augustinus), Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho era de ascendência berbere, foi um bispo católico, teólogo e filósofo, nasceu em 354 d.C. na cidade de Tagaste capital da província de Souk Ahras, na época uma província romana no norte de África (atualmente uma província da Argélia).

Consta que ele se converteu ao cristianismo aos trinta e dois anos de idade quando era professor de retórica em Milão, Itália e foi nomeado bispo logo após o regresso ao Norte da África. Em 391, ele foi ordenado sacerdote em Hipona (atual Annaba, na Argélia), filho de pai pagão, chamado Patrício e mãe católica, Mônica. Foi educado no norte de África e resistiu aos ensinamentos de sua mãe para se tornar cristão.

Agostinho com onze anos de idade foi enviado para a escola em Madaura, uma pequena cidade da Numídia. Lá ele tornou-se familiarizado com a literatura latina, bem como práticas e crenças do paganismo. Em 369 e 370, ele permaneceu em casa.

Durante esse período ele leu o diálogo Hortensius de Cícero (hoje perdido), que deixou uma impressão duradoura sobre ele e despertou-lhe o interesse pela filosofia e passou a ser um seguidor do maniqueísmo.

Com dezessete anos, graças à generosidade de um concidadão, chamado Romaniano, o pai de Agostinho pode enviá-lo para Cartago para continuar sua educação na retórica. Vivendo como um pagão intelectual, ele tomou uma concubina; numa tenra idade, ele desenvolveu uma relação estável com uma mulher jovem em Cartago, com a qual teve um filho, Adeodato.

Durante os anos 373 e 374, Agostinho ensinou gramática em Tagaste. No ano seguinte, mudou-se para Cartago a fim de ocupar o cargo de professor da cadeira municipal de retórica, e permanecerá lá durante os próximos nove anos.

Desiludido pelo comportamento indisciplinado dos alunos em Cartago, em 383, mudou-se para estabelecer uma escola em Roma, onde ele acreditava que os melhores e mais brilhantes retóricos ensinaram. No entanto, Agostinho ficou desapontado com as escolas romanas, que ele encontrou apática. Quando chegou o momento para os seus alunos para pagar os seus honorários eles simplesmente fugiram.

Amigos maniqueístas apresentaram-lhe o prefeito da cidade de Roma, Symmachus, que tinha sido solicitado a fornecer um professor de retórica imperial para o tribunal provincial em Milão. Agostinho ganhou o emprego e ocupou o cargo no final de 384.

Cristão

Agostinho recebe o batismo das mãos de Ambrósio Enquanto ele estava em Milão, Agostinho mudou de vida. Ainda em Cartago, começou a abandonar o maniqueísmo, em parte devido a um decepcionante encontro com um chefe expoente da teologia maniqueísta, Fausto.

Em Roma, ele relata ter completamente se afastado do maniqueísmo, e abraçou o movimento cético da Academia Neoplatónica. Sua mãe insistia para que ele se tornasse cristão e também seus próprios estudos sobre o neoplatonismo também foram levando-o neste sentido, e seu amigo Simplicianus instou-o dessa forma também. Mas foi a oratória do bispo de Milão, Ambrósio, que teve mais influência sobre a conversão de Agostinho.

A mãe de Agostinho havia-o seguido para Milão e insistiu para que abandonasse a relação com a mulher com quem vivia ilegalmente e procurasse outra para casar, conforme as leis do mundo e a doutrina cristã. A amada foi mandada de volta para a África e Agostinho deveria esperar dois anos para contrair casamento legal; mas logo ligou-se a uma concubina.

No verão de 386, após ter lido um relato da vida de António do Deserto, de Atanásio de Alexandria, que muito lhe inspirou, Agostinho sofreu uma profunda crise pessoal. Decidiu se converter ao cristianismo católico, abandonar a sua carreira na retórica, encerrar sua posição no ensino em Milão, desistir de qualquer ideia de casamento, e dedicar-se inteiramente a servir a Deus e às práticas do sacerdócio.

A chave para esta transformação foi à voz de uma criança invisível, que ouviu enquanto estava em seu jardim em Milão, que cantava repetidamente, "Tolle, lege"; "tolle, lege" ("toma e lê"; "toma e ler"). Ele tomou o texto da epístola de Paulo aos romanos, e abriu ao acaso em 13:13-14, onde lê-se: "Não caminheis em glutonerias e embriaguez, nem em desonestidades e dissoluções, nem em contendas e rixas, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a satisfação da carne com seus apetites".

Ele narra em detalhes sua jornada espiritual em sua famosa Confissões (Confessions), que se tornou um clássico tanto da teologia cristã quanto da literatura mundial. Ambrósio batizou Agostinho, juntamente com seu filho, Adeodato, na vigília da Páscoa, em 387, em Milão, e logo depois, em 388 ele retornou à África. Em seu caminho de volta à África sua mãe morreu, e logo após também seu filho, deixando-o sozinho, sem família.

Bispo Após o regresso ao Norte da África, vendeu seu patrimônio e deu o dinheiro aos pobres. A única coisa com que ele ficou foi à casa da família, que se converteu em uma fundação monástica para si e um grupo de amigos.

Em 391, ele foi ordenado sacerdote em Hipona (atual Annaba, na Argélia). Em 396, foi eleito bispo coadjutor de Hipona (auxiliar, com o direito de sucessão depois da morte do bispo corrente) e pouco depois bispo principal. Ele permaneceu nessa posição em Hipona até sua morte em 430.

Ele deixou o seu mosteiro, mas continuou a levar uma vida monástica na residência episcopal. Ele deixou uma regra (latim, regulamentos) para seu mosteiro que o levou ser designado o "santo padroeiro do clero regular", isto é, sacerdotes que vivem por uma regra monástica.

Hipona (em latim Hippo Regius) era o nome da atual cidade de Annaba, na Argélia. Provavelmente fundada pelos Fenícios, passou para o domínio romano incluída na província da Numídia. Importante guarnição militar costeira. A partir do século III foi sede de episcopado, tendo entre os seus Bispos Santo Agostinho, que residiu e faleceu em Hipona. Havia na cidade diversos monumentos e várias basílicas e intensa vida comercial, religiosa e militar. Foi cercada pelos vândalos em 430.

Fonte: Wikipédia

Erasmo de Rotterdam

Desidério Erasmo nasceu em Rotterdam no dia 28 de outubro de 1467 e faleceu na Basiléia em 11 de junho de 1536. É um pensador humanista de grande importância, ligado ainda à teologia. Filho de Gerardius de Präel, que morreu quando Erasmo tinha treze anos, em 1480. Era chamado de "filho de Geraldo", pois  era comum naquela época os filhos serem conhecidos pelos nomes dos pais. Começou seus estudos em Guda, e pouco depois passou para a catedral, como pajem. Foi então para a célebre escola de Alexandre Hegius, em Deventer, até que morreu sua mãe. Então parou de estudar, por falta de recursos.

A pedido de seus parentes e tutores foi para o seminário de Bois-de-Due. Devido seu caráter introspectivo e por ser um estudioso aplicado, julgavam-no apto para seguir a carreira monástica e tornar-se padre. Porém, nos três anos em que Erasmo passou como seminarista, não se ocupou muito com a filosofia e com a religião, preferindo a música e a pintura.


Após este período, voltou para Guda, onde viveu com seus tutores. Lá, com 19 anos, decidiu seguir a vida do claustro, junto com seu amigo Cornélio Verdenius, antigo companheiro em Deventer. Foi então para o convento de Stéin o Emmaus, nos arredores de Guda. Após mais um tempo no convento, decidiu definitivamente que não havia nascido para monge. Mas para não desagradar seus parentes, fez os votos e continuou estudando.

Enquanto seus companheiros de monastério se dedicavam aos cultos religiosos, Erasmo ia sozinho para a biblioteca e lá passava horas estudando, fazendo anotações. Isto levou a formação de uma cultura superior, que mais tarde tornou-se a causa de seu êxito intelectual e da fama de sua erudição. Entusiasmou-se com as obras do humanista Lorenzo Valla, e em companhia de seu amigo Guilherme Hermann – que se tornou poeta lírico –, aprendeu a língua latina. A língua latina era a língua escrita por excelência, além de ser básica na Igreja católica, que ainda dominava em grande parte a cultura da Idade Média. O conhecimento do Latim possibilitou a Erasmo fazer-se entender em outros países.

Erasmo, órfão de pais desde cedo, obrigado a viver a vida regrada dos monastérios, já exercia no começo de sua juventude a agudez satírica que o consagraria mais tarde em seu Elogio da Loucura. Por essa época, divertia-se com pequenos ensaios, como o “De Contemptu Mundi”, que ironizava  a vida dos monges, relevando o aspecto mundano destes.

Felizmente, não precisou continuar muito mais tempo nesta vida, pois graças ao seu bom latim, foi nomeado por seus superiores para acompanhar até Roma Enrique de Bergen, bispo de Cambrai, a quem o papa havia concedido o título de cardeal. A viagem durou bastante e o cardeal foi seu protetor durante este tempo. Para acompanhá-lo, Erasmo foi ordenado presbítero. É uma constante da vida de Erasmo a ajuda e o suporte de amigos, mecenas e pessoas poderosas que se interessavam pela cultura.

Em 1486, Erasmo foi para Paris terminar seus estudos. Instalou-se no colégio Montaigú, onde sentia repugnância pelos ensinamentos teológicos e pela comida, que era basicamente a base de peixe, alimento que lhe fazia mal. Aguentou durante três meses esta situação, até que lhe autorizaram a voltar para Cambrai, onde residiu por mais um ano. Lá se curou das enfermidades que lhe ocorreram durante sua estada na França.

Ao cabo deste ano, voltou a Paris, mas sem a proteção de Enrique de Bergen, que havia falecido, foi obrigado a se iniciar como professor particular para sobreviver. Conseguiu alguns discípulos ricos, que lhe davam excelente pagamento. Entre seus discípulos estava Guilherme Mountjoy, um inglês, que gostava muito de Erasmo e lhe acolheu em sua casa, com o consentimento de seus pais, estes muito estimaram a presença de um professor de maneiras corretas e grande cultura.

Foi então que uma grande peste assolou Paris, e centenas de habitantes começaram a morrer diariamente. Erasmo fugiu para o sul da França, onde travou amizade com a marquesa Ana de Vera, que também ficou encantada com Erasmo e passou a lhe fornecer uma pensão de cem florins.

Pouco tempo depois Erasmo foi para Orleans, onde permaneceram três meses na casa do catedrático Jaime Tudor, que havia conhecido em Cambrai, onde Tudor lecionava direito canônico.

Em 1497, foi com seu discípulo Guilherme Mountjoy para Londres, onde permaneceu até 1500. Lá visitou a Universidade de Cambridge e Oxford, onde travou amizade com os mais insignes humanistas da época, como Thomas More – de  quem se tornou grande amigo –, Juan Coleti, Guilhermo Crocyn e Latimer.

Thomas More o apresentou ao rei Henrique VII, que o recebeu com muita estima, pois Erasmo sempre se fazia simpático e amigável com os poderosos.

Na Universidade de Oxford, terminou seus estudos em grego, um idioma que só os eruditos conheciam na época. Este conhecimento serviu de ponte para sua relação com o douto filósofo Juan Colet, que lhe deu a conhecer obras importantíssimas, como a primeira versão da Bíblia. O conhecimento deste manuscrito foi decisivo para Erasmo se apartar da filosofia escolástica.

Volta então à França, passando pelas cidades de Paris, Orleans, e Lovaina, analisando as obras curiosas das bibliotecas locais.

Vivendo quase que exclusivamente da escrita, como acontecia com a maior parte dos humanistas.  Começou a publicar vários livros e tratados, que chamaram a atenção dos estudiosos e lhe conferiram uma grande autoridade intelectual. Os poderosos e magnatas passaram a solicitar a companhia de tal estudioso, tão versado nas ciências filológicas e literárias.

Em 1504, o encarregaram de recepcionar o novo governante, o arquiduque Felipe, recebendo por este trabalho 50 moedas de ouro, o que solucionou seu problema financeiro por dois anos. Pouco tempo depois, na Louvania, travou relação com um grupo de teólogos, entre os quais o futuro Alexandre VI e o franciscano P. Vitrarius, que se tornou seu amigo íntimo e o ajudou economicamente depois.

Graças a um mecenas de Lovaina, editou as obras de um de seus autores prediletos, o sábio Lorenzo Valla. Dedicou-se às obras sobre o Novo Testamento deste sábio, e escreveu para elas um prefácio considerado interessantíssimo, que foi muito comentado em todas as partes.

Um dos grandes desejos de sua vida era conhecer bem a Itália, mas as suas ocupações e problemas financeiros não permitiam a realização de tal projeto.

Seus numerosos amigos de Londres lhe facilitaram uma cátedra em Cambridge, onde lecionava seu antigo discípulo Guilhermo, que sempre o estimou.

Em 1506 Erasmo finalmente realizou seu desejo de viajar para a Itália, passando antes por Paris e Lion, cidade que lhe agradou muitíssimo. Passou por Turim, cuja Universidade lhe concedeu o título de doutor em teologia, sendo muito admiradas as suas aulas, que expunham de forma original e convidativa os textos cristãos.

Residiu brevemente em Bologna – que era um grande centro cultural italiano – passando pouco depois à Florença, onde também foi homenageado pelas universidades e centros de cultura. Regressou pouco tempo depois à Bologna, onde o papa Jacob II o saudou, e lhe disse que seria muito bem vindo em Roma, se resolvesse lá fixar residência.

Foi para Roma e lá ficou durante um ano, sendo estimado por todos, pois o papa não parava de elogiar os profundos conhecimentos de Erasmo, que nesta época já era famoso em toda Europa.

Encaminhando-se em Veneza, travou amizade com o impressor Aldo Monucio, que pouco tempo antes, em 1500, havia publicado uma obra sua chamada Adágios. Aldo foi seu anfitrião em Veneza, mas Erasmo demonstrou ingratidão ao satirizar Aldo e sua família.

Em 1508, Erasmo abandonou Veneza, e passou uma curta temporada em Pádua, retornando depois para Roma. No caminho parou por alguns dias na cidade de Siena, onde visitou um antigo aluno.

O êxito de seu adágio lhe valeu novas amizades e o ingresso nos círculos culturais, e também uma infinidade de alunos, que ansiavam por aprender suas lições.

O papa o dispensou de seus votos clericais, que havia assumido anteriormente. E isso lhe permitiu uma maior liberdade para se vestir e uma maior flexibilidade de costumes.

Quando Henrique VII  – que  Erasmo conhecera quando este era príncipe herdeiro - assume o trono da Inglaterra, insiste muito para que fique com ele, pois se lembrava das lições de Erasmo na Universidade de Cambridge.

Por volta do ano de 1511, permaneceu um ano na localidade de Addington, a convite do arcebispo de Canterbury. De lá saiu por ser uma província demasiado pequena e não poder relacionar-se com pessoas mais instruídas, como costumava fazer.

Nesta época começou  a sentir-se mal de saúde, sofrendo enfermidades e moléstias, por conta do clima nebuloso da ilha. Passou a pensar em morar num melhor clima, onde pudesse ainda manter-se estudando.

Em 1513 foi para a Alemanha, passando pelas cidades mais importantes até chegar à Basiléia. Era sempre bem recebido por onde chegava. Na Basiléia foi chamado novamente pela corte inglesa, onde permaneceu até 1516, indo então para a Holanda, na corte do jovem monarca Carlos, que lhe nomeou seu conselheiro, assegurando-lhe uma pensão de 400 florins. Erasmo não era obrigado a morar com ele e pouco trabalhava. Isto lhe deu liberdade para que viajasse a vontade às custas do estado.

Com o dinheiro da pensão, Erasmo comprou uma casa sossegada num lugar aprazível, onde se rodeou de comodidades, a fim de passar confortavelmente o inverno. Erasmo sempre sofreu com o inverno, e por isto desta vez equipou bem a sua casa, com estufa e forros na parede.

Sua prosperidade foi crescendo, e com o dinheiro que sobrava, subsidiava jovens estudantes que mostravam predisposição para a filologia e a literatura. Aos políticos que lhe vinham pedir conselho, geralmente não atendia, pois não se considerava político e achava que isso deveria ser feito só pelos que se dedicavam a essa área, a qual não tinha vocação. A vida de Erasmo era totalmente dedicada ao labor intelectual, e tudo que estivesse fora disto era evitado.

Os lugares de  preferência de Erasmo era a Lavaina, Basiléia, Bruxelas, Amberes e Londres. Em Londres ia sempre que o monarca inglês solicitava seus serviços. Residiu durante muitos anos na sua tranquila propriedade da Basiléia, estabelecendo notável correspondência com os filósofos e eruditos mais célebres de seu tempo, como Escola padro, beato Rheananus e Gloreano.

Com a chegada da reforma na Alemanha, Erasmo se vê obrigado a emigrar, indo pra Friburgo de Brisgau, onde adquiriu uma casa modestíssima, que preparou conforme seu gosto, para poder se dedicar à escritura e a leitura, únicos prazeres verdadeiros de sua vida de solitário.

Erasmo, que deixara a Basiléia por ser contra os protestantes, começa a ser hostilizado também na Holanda, com a instauração das doutrinas protestantes em sua pátria. Isto lhe fez perder sua serenidade. Tanto católicos como protestantes vinham pedir seus conselhos sobre qual era a melhor forma de praticar a religião.

Aplacadas as lutas ideológicas, marchou para Roma, onde o papa Paulo III lhe deu um priorato em Deventer. Marchou para Paris, mas antes se deteve alguns meses na Basiléia, onde imprimiu algumas de suas obras. Mas as enfermidades voltaram a ficar graves e durante  o inverno, que lhe foi terrível, se viu obrigado há permanecer mais tempo. Ficou em sua casa na Basiléia debaixo das cobertas, completamente doente.

Na convalescência, chegou a começar uma edição crítica das obras de Orígenes, mas por pouco tempo. Em 11 de junho de 1536 falecia aquele que era chamado de “o príncipe dos humanistas”. Grandes foram as homenagens que lhe foram prestadas em quase toda a Europa. Na Espanha seu nome gozou de especial predileção, pois muitos discípulos escreviam inúmeros estudos a seu respeito, o que ficou conhecido como erasmismo. Seu corpo foi sepultado na catedral da Basiléia.

Fonte: Wikipédia





Umberto Eco

Umberto Eco (Alexandria, 5 de janeiro de 1932) é um escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano de fama internacional. É titular da cadeira de Semiótica (aposentado) e diretor da Escola Superior de ciências humanas na Universidade de Bolonha. Ensinou temporariamente em Yale, na Universidade Columbia, em Harvard e no Collège de France.

Colaborador em diversos periódicos acadêmicos, dentre eles colunista da revista semanal italiana L'Espresso, na qual escreve, entre uma infinidade de temas, sobre Berlusconi e Wikipédia. Eco é, ainda, notório escritor de romances, entre os quais O nome da rosa e O pêndulo de Foucault. Junto com o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, lançou no ano passado N’Espérez pas vous Débarrasser des Livres (“Não Espere se Livrar dos Livros”, publicado em Portugal com o título A Obsessão do Fogo e ainda inédito no Brasil).

Umberto Eco começou a sua carreira como filósofo sob a orientação de Luigi Pareyson, na Itália. Seus primeiros trabalhos dedicaram-se ao estudo da estética medieval, sobretudo aos textos de S. Tomás de Aquino. A idéia principal defendida por Eco, nesses trabalhos, diz respeito à idéia de que esse grande filósofo e teólogo medieval, que, como os demais de seu tempo, é acusado de não empreender uma reflexão estética, trata, de um modo particular, da problemática do belo.

A partir da década de 1960, Eco se lança ao estudo das relações existentes entre a poética contemporânea e a pluralidade de significados. Seu principal estudo, nesse sentido, é a coletânea de ensaios intitulada Obra aberta (1962), que fundamenta o conceito de obra aberta, segundo o qual uma obra de arte amplia o universo semântico provável, lançando mão de jogos semióticos, a fim de repercutir nos seus intérpretes uma gama indeterminável, porém não infinita de interpretações.

Ainda na década de 1960, Eco notabilizou-se pelos seus estudos acerca da cultura de massa, em especial os ensaios contidos no livro Apocalíticos e integrados (1964), em que ele defende uma nova orientação nos estudos dos fenômenos da cultura de massa, criticando a postura apocalíptica daqueles que acreditam que a cultura de massa é a ruína dos "altos valores" artísticos — identificada com a Escola de Frankfurt, mas não necessariamente e totalmente devedora da Teoria Crítica —, e, também, a postura dos integrados — identificada, na maioria das vezes, com a postura de Marshall McLuhan —, para quem a cultura de massa é resultado da integração democrática das massas na sociedade.

A partir da década de 1970, Eco passa a tratar quase que exclusivamente da semiótica. Eco descobriu o termo "Semiótica" nos parágrafos finais do Ensaio sobre o Entendimento Humano (1690), de John Locke, ficando ligado à tradição anglo-saxónica da semiótica, e não à tradição da semiologia relacionada com o modelo linguístico de Ferdinand de Saussure.

Pode-se dizer, inclusive, que a teoria de Eco acerca da obra aberta é dependente da noção peirceana de semiose ilimitada. Nesta concepção do "sentido", um texto será inteligível se o conjunto dos seus enunciados respeitar o saber associativo. Ao longo da década, e atravessando a década de 1980, Eco escreve importantes textos nos quais procura definir os limites da pesquisa semiótica, bem como fornecer uma nova compreensão da disciplina, segundo pressupostos buscados em filósofos como Immanuel Kant e Charles Sanders Peirce. São notáveis a coletânea de ensaios As formas do conteúdo (1971) e o livro de grande fôlego Tratado geral de semiótica (1975).

Nesses textos, Eco sustenta que o código que nos serve de base para criar e interpretar as mais diversas mensagens de qualquer subcódigo (a literatura, o subcódigo do trânsito, as artes plásticas etc.) deve ser comparado a uma estrutura rizomática pluridimensional que dispõe os diversos sememas (ou unidades culturais) numa cadeia de liames que os mantêm unidos.

Dessa forma, o Modelo Q (de Quillian) dispõe os sememas — as unidades mínimas de sentido — segundo uma lógica organizativa que, de certo modo, depende de uma pragmática. A sua noção de signo como enciclopédia é oriunda dessa concepção, conseqüência de seu interesse pela semiótica e em decorrência do seu anterior interesse pela estética, Eco, a partir de então, orienta seus trabalhos para o tema da cooperação interpretativa dos textos por parte dos leitores.

Lector in fabula (1979) e Os limites da interpretação (1990) são marcos dessa produção, que tem como principal característica sustentar a idéia de que os textos são máquinas preguiçosas que necessitam a todo o momento da cooperação dos leitores.

Dessa forma, Eco procura compreender quais são os aspectos mais relevantes que atuam durante a atividade interpretativa dos leitores, observando os mecanismos que engendram a cooperação interpretativa, ou seja, o "preenchimento" de sentido que o leitor faz do texto, procurando, ao mesmo tempo, definir os limites interpretativos a serem respeitados e os horizontes de expectativas gerados pelo próprio texto, em confronto com o contexto em que se insere o leitor.

Além dessa carreira universitária, Eco ainda escreveu cinco romances, aclamados pela crítica e que o colocaram numa posição de destaque no cenário acadêmico e literário, uma vez que é um dos poucos autores que conciliam o trabalho teórico-crítico com produções artísticas, exercendo influência considerável nos dois âmbitos. Ver, abaixo, a relação completa de suas obras que circularam ou circulam no mercado editorial brasileiro.

Romances:

O nome da rosa (Il nome della rosa, 1980) (Prêmio Médicis, livro estrangeiro na França); adaptação cinematográfica de Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery e Christian Slater nos papéis principais;

O Pêndulo de Foucault (livro) (Il pendolo di Foucault,1988);

 A ilha do dia anterior (L'isola del giorno prima, 1994);

 Baudolino (Baudolino, 2000);

 A misteriosa chama da rainha Loana (La misteriosa fiamma della regina Loana 2004).

 O Cemitério de Praga (Il cimitero di Praga), 2011

Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Reflexões basilares

O dia mais belo: hoje
A coisa mais fácil: errar
O maior obstáculo: o medo
O maior erro: o abandono
A raiz de todos os males: o egoísmo
A distração mais bela: o trabalho
A pior derrota: o desânimo
Os melhores professores: as crianças
A primeira necessidade: comunicar-se
O que traz felicidade: ser útil aos demais
O pior defeito: o mau humor
A pessoa mais perigosa: a mentirosa
O pior sentimento: o rancor
O presente mais belo: o perdão
o mais imprescindível: o lar
A rota mais rápida: o caminho certo
A sensação mais agradável: a paz interior
A maior proteção efetiva: o sorriso
O maior remédio: o otimismo
A maior satisfação: o dever cumprido
A força mais potente do mundo: a fé
As pessoas mais necessárias: os pais
A mais bela de todas as coisas: O AMOR
Madre Tereza de Calcutá

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A vida e obra de Francis Bacon

Francis Bacon nasceu em Londres, em 22 de janeiro de 1561, e morreu na mesma cidade em 9 de abril de 1626. Sua educação orientou-se para a vida política, na qual alcançou posições elevadas. Filho de Nicholas Bacon e Ann Cooke Bacon, a mãe de Francis Bacon falava cinco idiomas e foi considerada como uma das mulheres mais eruditas de sua época.

Eleito em 1584 para a Casa dos Comuns, sucessivamente desempenhou, durante o reinado de Jaime 1º, as funções de procurador-geral, fiscal-geral, guarda do selo e grande chanceler. Em 1618 foi nomeado barão de Verulam e, em 1621, visconde de St. Albans. Acusado de corrupção pela Casa dos Comuns, foi condenado ao pagamento de pesada multa e proibido de exercer cargos públicos.


A obra de Bacon representa tentativa de realizar o vasto plano de "Instauratio magna" ("Grande restauração"). De acordo com o prefácio do "Novum organum" ("Novo método"), publicado em 1620, a "Grande restauração" deveria desenvolver-se através de seis partes: "Classificação das ciências", "Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza", "Fenômenos do universo ou História natural e experimental para a fundamentação da filosofia", "Escala do entendimento ou O fio do labirinto", "Introdução ou Antecipações à filosofia segunda" e "Filosofia segunda ou Ciência nova".

 A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, estudavam o novo método que deveria substituir o de Aristóteles, descreviam o modo de se investigarem os fatos, passavam ao plano da investigação das leis e voltavam ao mundo dos fatos, para nele promoverem as ações que se revelassem possíveis.

 Obviamente, a impossibilidade de realizar obra de tamanho vulto foi logo percebida por Bacon, que produziu apenas certo número de tratados. Não obstante, a primeira parte da "Grande restauração" chegou a completar-se e se encontra nos "Nove livros sobre a dignificação e progressos da ciência". O "Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza" apareceu em 1620.   

Esboço racional de metodologia científica

Preliminarmente, Bacon propõe a classificação das ciências em três grupos: 1º) a poesia ou ciência da imaginação; 2º) a história ou ciência da memória; 3º) a filosofia ou ciência da razão. A história ele a subdivide em história natural e história civil. Na filosofia, distingue entre a filosofia da natureza e a antropologia.

 No que se refere ao "Novum organum", Bacon se preocupou inicialmente com a análise dos fatores (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos no domínio da ciência. Classificou-os em quatro grupos: 1º) os ídolos da raça; 2º) os ídolos da caverna; 3º) os ídolos da vida pública; 4º) os ídolos da autoridade. Os primeiros correm por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. Os "ídolos da caverna" resultam da própria educação e da pressão dos costumes. Os "ídolos da vida pública" vinculam-se à linguagem e decorrem do mau uso que dela fazemos. Finalmente, os "ídolos da autoridade" decorrem da irrestrita subordinação à autoridade; por exemplo, a de Aristóteles.

 O "Novum organum" é a expressão de uma perspectiva que tanto se afasta do empirismo radical quanto do racionalismo exagerado - ambos duramente criticados por Bacon.

 Em função da nova metodologia, e como meio de realizar a busca das formas que se poderão revelar como regularidades no domínio dos fatos, Bacon recomenda o uso de três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua de presença, a tábua de ausência ou de declinação e a tábua de comparação. A primeira registra a presença das formas que se investigam; a segunda possibilita o controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes; finalmente, na última tábua registram-se as variações que as referidas formas manifestam.

Embora Bacon não tenha realizado nenhum progresso nas ciências naturais, ele foi o autor do primeiro esboço racional de uma metodologia científica. E sua teoria dos "ídolos" antecipa, em germe, a moderna sociologia do conhecimento.

Bacon também foi notável escritor: seus "Ensaios" são os primeiros modelos de prosa inglesa moderna.

Obras literárias

Sua obra literária fundamental são os Essays (Ensaios), publicados em 1597, 1612 e 1625 e cujo tema é familiar e prático. Alguns de seus ditos tornaram-se proverbiais e os Essays tornaram-se tão famosos quanto os de Montaigne. Outros opúsculos, no âmbito literário: Colours of good and evil (Estandartes do bem e do mal), De sapientia veterum (Da sabedoria dos antigos). No âmbito histórico destaca-se History of Henry VII (História de Henrique VII).

Obras filosóficas

As obras filosóficas mais importantes de Bacon são Instauratio magna (Grande restauração) e Novum organum. Nesta última, Bacon apresenta e descreve seu método para as ciências. Este novo método deverá substituir o Organon aristotélico.

Seus escritos no âmbito filosófico podem ser agrupados do seguinte modo:


1) Escritos que faziam parte da Instauratio magna e que foram ou superados ou postos de lado, como: De interpretatione naturae (Da interpretação da natureza), Inquisitio de motu (Pesquisas sobre o movimento), Historia naturalis (História natural), onde tenta aplicar seu método pela primeira vez;

2) Escritos relacionados com a Instauratio magna, mas não incluídos em seu plano original. O escrito mais importante é New Atlantis (Nova Atlântida), onde Bacon apresenta uma concepção do Estado ideal regulado por idéias de caráter científico. Além deste, destacam-se Cogitationes de natura rerum (Reflexões sobre a natureza das coisas) e De fluxu et refluxu (Das marés);

3) Instauratio magna, onde Bacon procura desenvolver o seu pensamento filosófico-científico e que consta de seis partes: Partitiones scientiarum (Classificação das ciências), sistematização do conjunto do saber humano, de acordo com as faculdades que o produzem; Novum organum sive Indicia de interpretatione naturae (Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza), exposição do método indutivo, trabalho esse que reformula e repete o Novum organum; Phaenomena universi sive Historia naturalis et experimentalis ad condendam philosophiam (Fenômenos do universo ou História natural e experimental para a fundamentação da filosofia), versa sobre a coleta de dados empíricos; Scala intellectus, sive Filum labyrinthi (Escala do entendimento ou O Fio do labirinto), contém exemplos de investigação conduzida de acordo com o novo método; Prodromi sive Antecipationes philosophiae secundae (Introdução ou Antecipações à filosofia segunda), onde faz considerações à margem do novo método, visando mostrar o avanço por ele permitido; Philosophia secunda, sive Scientia activa (Filosofia segunda ou Ciência ativa), seria o resultado final, oragnizado em um sistema de axiomas.


Enciclopédia Miradora Internacional

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Reflexões de Francis Bacon

A baixeza mais vergonhosa é a adulação (Francis Bacon). 

A boa esposa é amante do marido jovem, a companheira do marido maduro, a enfermeira para o velho (Francis Bacon). 

A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas (Francis Bacon). 

A antigüidade do tempo é a juventude do mundo (Francis Bacon). 

A consciência é a estrutura das virtudes (Francis Bacon). 

A esperança é um bom almoço, mas um mau jantar (Francis Bacon). 

A fama é como um rio, que mantém a superfície as coisas leves e infladas, e arrasta para o fundo as coisas pesadas e sólidas (Francis Bacon). 

A glória assemelha-se ao mercado: por vezes, quando nos demoramos, os preços baixam (Francis Bacon). 

A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil, e o escrever dá-lhe precisão (Francis Bacon). 

A leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita exatidão (Francis Bacon). 

Alguns desprezam a riqueza porque desprezam a ideia de enriquecer (Francis Bacon). 

A pior solidão é não ter amizades verdadeiras (Francis Bacon). 

A prosperidade não está isenta de muitos temores e desprazeres, e a adversidade não está desprovida de conforto e esperança (Francis Bacon). 

Aquele que não consegue perdoar aos outros, destrói a ponte por onde irá passar (Francis Bacon). 

Aquele que tem mulher e filhos entregou reféns ao destino; é que eles são um obstáculo aos grandes empreendimentos, quer sejam virtuosos ou mal formados (Francis Bacon). 

A prosperidade prontamente descobre o vício; mas a adversidade logo descobre a virtude (Francis Bacon). 

A riqueza é para ser gasta (Francis Bacon). 

A sabedoria dos crocodilos consiste em verter lágrimas quando querem devorar (Francis Bacon). 

As casas são construídas para que se viva nelas, não para serem olhadas (Francis Bacon). 

As condutas, assim como as doenças, são contagiosas (Francis Bacon). 

As democracias costumam ser mais calmas e estão menos expostas à sedução do que o regime governado por uma estirpe de nobres (Francis Bacon). 

As descobertas já conseguidas se devem ao acaso e à experiência vulgar mais do que à ciência (Francis Bacon). 

A verdade é filha do tempo, não da autoridade (Francis Bacon). 

Escolher o seu tempo é ganhar tempo (Francis Bacon). 

A vingança é uma espécie de justiça selvagem (Francis Bacon). 

Com a vingança, o homem iguala-se ao inimigo. Sem ela, supera-o (Francis Bacon). 

Conhecimento é poder (Francis Bacon). 

Dá à fé o que a fé pertence (Francis Bacon). 

Em geral, na natureza humana existe mais tolice do que sabedoria (Francis Bacon). 

É muito difícil fazer compatíveis a política e a moral (Francis Bacon). 
É um estranho desejo, desejar o poder e perder a liberdade (Francis Bacon). 
Evitar superstições é outra superstição (Francis Bacon). 

Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar, outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer, mastigar e digerir (Francis Bacon). 

Já não é leve o perigo, quando parece leve (Francis Bacon). 

Não busqueis riquezas com arrogância, mas apenas o que possais obter justamente, não moderadamente, distribuíeis alegremente, e partais satisfeitos (Francis Bacon). 

Não há equívoco maior do que confundir homens inteligentes com sábios (Francis Bacon). 

Não há nada que faça um homem suspeitar tanto como o fato de saber pouco (Francis Bacon). 

O amor da pátria começa na família (Francis Bacon). 

O conhecimento é em si mesmo um poder (Francis Bacon). 

O dinheiro é como o adubo, não é bom se não for distribuído (Francis Bacon).

O falar incessantemente por hipérboles só se adapta bem ao amor (Francis Bacon). 

O homem deve criar as oportunidades e não somente encontrá-las (Francis Bacon). 

Onde o homem se apercebe que há um pouco de ordem, supõe imediatamente ser demais (Francis Bacon). 

O que faz mal não é a mentira que passa pela mente, mas a que nela mergulha e se firma (Francis Bacon). 

O respeito de si próprio é, depois da religião, o principal freio de todos os vícios (Francis Bacon). 

Os estudos aperfeiçoam a natureza e são aperfeiçoados pela experiência (Francis Bacon). 

Os filhos adoçam as fadigas, mas também ocasionam ao pai as desgraças mais amargas (Francis Bacon). 

Os filhos suavizam as penas, mas fazem mais amargas as desgraças (Francis Bacon). 

Os homens temem a morte, como as crianças temem a escuridão (Francis Bacon). 

O trabalho do artista é aprofundar sempre no mistério (Francis Bacon). 

Para dar ordens à natureza é preciso saber obedecer-lhe (Francis Bacon). 

Quanto mais o homem sorve o mundo, tanto mais se intoxica (Francis Bacon). 

Seja verdadeiro consigo mesmo e não seja falso com os outros (Francis Bacon).

Todas as cores concordam no escuro (Francis Bacon). 

Todo o acesso a uma alta função se serve de uma escada tortuosa (Francis Bacon). 

Uma pergunta prudente é metade sabedoria (Francis Bacon). 

Um homem esperto cria mais oportunidades do que encontra (Francis Bacon). 

Um pouco de filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a religião (Francis Bacon).

Cecília Meireles - Vida e obra

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides. Escreveria mais tarde:

"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.

(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
Conclui seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor". Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal.

Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, "Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.

Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos.

Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "O Espírito Vitorioso", uma apologia do Simbolismo.

Correia Dias suicida-se em 1935. Cecília casa-se, em 1940, com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.

De 1930 a 1931, mantém no Diário de Notícias uma página diária sobre problemas de educação.

Em 1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.

Profere, em Lisboa e Coimbra - Portugal, conferências sobre Literatura Brasileira.

De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ).

Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria.

Colabora ainda ativamente, de 1936 a 1938, no jornal A Manhã e na revista Observador Econômico.

A concessão do Prêmio de Poesia Olavo Bilac, pela Academia Brasileira de Letras, ao seu livro Viagem, em 1939, resultou de animados debates, que tornaram manifesta a alta qualidade de sua poesia.

Publica, em 1939/1940, em Lisboa - Portugal, em capítulos, "Olhinhos de Gato" na revista "Ocidente".

Em 1940, leciona Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (USA).

Em 1942, torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro (RJ).

Aposenta-se em 1951 como diretora de escola, porém continua a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ).

Em 1952, torna-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile, honraria concedida pelo país vizinho.

Realiza numerosas viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências, em diferentes países, sobre Literatura, Educação e Folclore, em cujos estudos se especializou.

Torna-se sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, em Goa, Índia, em 1953.

Em Délhi, Índia, no ano de 1953, é agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.

Recebe o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1962.

No ano seguinte, ganha o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Seu nome é dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, São Paulo (SP), em 1963.

Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Ainda em 1964, é inaugurada a Biblioteca Cecília Meireles em Valparaiso, Chile.

Em 1965, é agraciada com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras. O Governo do então Estado da Guanabara denomina Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo (SP), torna-se nome de rua no Jardim Japão.

Em 1974, seu nome é dado a uma Escola Municipal de Educação Infantil, no Jardim Nove de Julho, bairro de São Mateus, em São Paulo (SP).

Uma cédula de cem cruzados novos, com a efígie de Cecília Meireles, é lançada pelo Banco Central do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), em 1989.

Em 1991, o nome da escritora é dado à Biblioteca Infanto-Juvenil no bairro Alto da Lapa, em São Paulo (SP).

O governo federal, por decreto, instituiu o ano de 2001 como "O Ano da Literatura Brasileira", em comemoração ao sesquicentenário de nascimento do escritor Silvio Romero e ao centenário de nascimento de Cecília Meireles, Murilo Mendes e José Lins do Rego.

Há uma rua com o seu nome em São Domingos de Benfica, uma freguesia da cidade de Lisboa. Na cidade de Ponta Delgada, capital do arquipélago dos Açores, há uma avenida com o nome da escritora, que era neta de açorianos.

Traduziu peças teatrais de Federico Garcia Lorca, Rabindranath Tagore, Rainer Rilke e Virginia Wolf.

Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:

"Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea.


Bibliografia
:
Tendo feito aos 9 anos sua primeira poesia, estreou em 1919 com o livro de poemas Espectros, escrito aos 16 e recebido com louvor por João Ribeiro.

Publicou a seguir:



Criança, meu amor, 1923
Nunca mais... e Poemas dos Poemas, 1923
Criança meu amor..., 1924
Baladas para El-Rei, 1925
O Espírito Vitorioso, 1929 (ensaio - Portugal)
Saudação à menina de Portugal, 1930
Batuque, Samba e Macumba, 1935 (ensaio - Portugal)
A Festa das Letras, 1937
Viagem, 1939
Vaga Música, 1942
Mar Absoluto, 1945
Rute e Alberto, 1945
Rui — Pequena História de uma Grande Vida, 1949 (biografia de Rui Barbosa para crianças)
Retrato Natural, 1949
Problemas de Literatura Infantil, 1950
Amor em Leonoreta, 1952
Doze Noturnos de Holanda & O Aeronauta, 1952
Romanceiro da Inconfidência, 1953
Batuque, 1953
Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955
Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955
Panorama Folclórico de Açores, 1955
Canções, 1956
Giroflê, Giroflá, 1956
Romance de Santa Cecília, 1957
A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957
A Rosa, 1957
Obra Poética,1958
Metal Rosicler, 1960
Poemas Escritos na Índia, 1961
Poemas de Israel, 1963
Antologia Poética, 1963
Solombra, 1963
Ou Isto ou Aquilo, 1964
Escolha o Seu Sonho, 1964
Crônica Trovada da Cidade de Sam Sebastiam no Quarto Centenário da sua Fundação Pelo Capitam-Mor Estácio de Saa, 1965
O Menino Atrasado, 1966
Poésie (versão para o francês de Gisele Slensinger Tydel), 1967
Antologia Poética, 1968
Poemas italianos, 1968
Poesias (Ou isto ou aquilo & inéditos), 1969
Flor de Poemas, 1972
Poesias completas, 1973
Elegias, 1974
Flores e Canções, 1979
Poesia Completa, 1994
Obra em Prosa - 6 Volumes - Rio de Janeiro, 1998
Canção da Tarde no Campo, 2001
Episódio humano, 2007

Teatro:

1947 - O jardim
1947 - Ás de ouros
Observação: "O vestido de plumas"; "As sombras do Rio"; "Espelho da ilusão"; "A dama de Iguchi" (texto inspirado no teatro Nô, arte tipicamente japonesa), e "O jogo das sombras" constam como sendo da biografada, mas não são conhecidas.

OUTROS MEIOS:


1947 - Estréia "Auto do Menino Atrasado", direção de Olga Obry e Martim Gonçalves. música de Luis Cosme; marionetes, fantoches e sombras feitos pelos alunos do curso de teatro de bonecos.
1956/1964 - Gravação de poemas por Margarida Lopes de Almeida, Jograis de São Paulo e pela autora (Rio de Janeiro - Brasil)

1965 - Gravação de poemas pelo professor Cassiano Nunes (New York - USA).

1972 - Lançamento do filme "Os inconfidentes", direção de Joaquim Pedro de Andrade, argumento baseado em trechos de "O Romanceiro da Inconfidência".




Dados obtidos em livros da autora e sobre ela, e no site do Itaú Cultural.